domingo, 21 de dezembro de 2008

...mas a Mônica queria ver o filme do Godard.

Se tem uma coisa no mundo que me deixa frustrada é o fato de nunca ter assistido a um filme do Godard. Logo eu, toda metida a cult, adoradora de filmes franceses, não ter visto, ainda, um filme do Godard. Mas juro que não é má vontade minha. Seus filmes são extremamente difíceis de se achar, tanto nas locadoras como para vender. A solução seria uma coisa mágica chamada internet, mas meu computar movido a manivela está com a memória mais ferrada que uma velhinha com Alzheimer e não agüenta baixar um filme inteiro. Então, resolvi usar um plano B: ir no festival Varilux, no Olaria, ver a reprise de Elogio ao Amor. Não contavam com minha astúcia! É, pois é...nem eu contava com minha própria astúcia e acabei chegando atrasada para a primeira sessão, e a impaciência me impediu de esperar pela segunda. Acabei indo ver o filme do Woody Allen mesmo, Vicky Cristina Barcelona. Meu sonho foi adiado.
O cinema do Olaria não é tão horrível como imaginava. Só é muito caro pelo conforto que oferecem (não-conforto na verdade). Sem falar no caldo de pessoas jovens que vão lá para celebrar sua cultura liberalista sexual. Mas dessa vez eles estavam ocupados vendo (ou fazendo sei lá eu o quê) o filme do Godard. As coisas estavam mais tranqüilas na sala de Vicky Cristina Barcelona. E confesso que fiquei com receio de falar sobre ele por aqui, já que não há tanto assim para se falar.
São duas amigas, norte-americas, Vicky e Cristina, que passam suas férias em Barcelona. Vicky é a garota centrada, que pensa que tem a cabeça e os sentimentos no lugar, noiva. Já Cristina é a mocinha conturbada, que se diz liberal; mais parecida com as pessoas da sala ao lado, vendo o filme do Godard. Ambas se envolvem com um artista, Juan Antônio, que vive uma relação conturbada com a ex-mulher, Maria Helena. Vicky acaba deixando a relação de lado e casa-se com seu noivo; Cristina se envolve com Juan e sua ex-mulher, e os três vivem um triângulo "feliz". E ao contrário do que muitos podem pensar, o filme não é nada ousado. Essa história de viajar à Europa para despertar desejos calientes e mulheres estupidamente gostosas e corajosas de viver uma relação a três já está pra lá de manjada. Ao contrário de ousado, achei uma tática muita segura escolher atrizes já conhecidas, como Scarlett Johansson e Penélope Cruz, para protagonizar uma beijoca; já que algo do gênero sempre garante que muitas pessoas, portadoras do cromossomo Y em sua maioria, irão aos cinemas. Do contrário, aposto que não teria feito o sucesso que fez. E a cena não chega a um minuto; nada que uma freira nunca tenha visto nos dias de hoje.
Por fim, a própria persogem, Cristina, reflete sobre a vida, sobre o amor e descobre que não é assim tão liberal quanto julgava ser e decide fazer outra coisa da vida, que nem ela sabe bem o que é. Todos voltam à América e tudo fica como estava. Lamentei durante um instante por não ser homem; pois ao sair do cinema, poderia ter pensado que valeu a pena só pela bitoca das duas belas moças, mas nem isso pude eu fazer. Tirando a Scarlett e a Penélope, não sobra muita coisa além da paisagem da bela Barcelona (além da conclusão de que se as mulheres fossem mais unidas, poderia dominar o mundo usando o lesbianismo forjado). Sem falar que o filme é quase todo narrado, com as conclusões bem mastigadinhas. Nem o trabalho de pensar direito eu tive, o que me incomodou ligeiramente. Mas não pensem vocês que falo tudo isso com ar de superioridade. Muito pelo contrário: muito me dói cada palavra de crítica que escrevo, já que se trata de um filme do Woody Allen. E eu adoro o Woddy pacas! Só que dessa vez não deu, e não quero forçar a amizade. Não ligue se a crítica diz que esse foi seu melhor filme, Woody, você pode fazer melhor. Eu acredito.

Nenhum comentário: