domingo, 14 de março de 2010

Ao fim de quatro dias.

Buenas, pessoal...juro que é o último post sobre a minha viagem. Enquanto escrevia esse último texto, pensei que seria melhor criar um outro blog com relatos extracurrículares, ou seja, tudo aquilo que não se originou de alguma experiência cinematográfica. Só que eu mal tenho tempo de cuidar de um blog, o que dirá de dois. Talvez um dia eu realmente faça outro só com as minhas abobrices e afins, e mantenha este daqui com o seu conceito original. Mas até lá, vai ficar tudo "xunto e rreunido" mesmo. Vocês entendem, né?
No meu último dia pela cida de São Paulo, meu corpo sentia duas sensações muito distintas. Uma de felicidade por ter conhecido muita gente bacana, por logo poder rever mnha família, por estar ali enfim. E outra de tristeza, de despedida. Estava com saudade de casa, mas não tanto a ponto de já querer ir embora. Neste dia, pensei que pudesse chorar em algum momento. Mas não chorei.
Era terça-feira, e a entrada do MASP era "de grátis". Lindo o museu, adorei. Mas o fato do museu ser bonito não implica que as obras expostas também sejam...ao menos não todas. Como por exemplo do quadro intitulado O Retratato de Suzanne Bloch, de Picasso. Lembra? Aquele quadro que foi roubado e escondido na favela? Que os pobres ignorantes não pagavam um pila pela "obra"? Pois é...eu também não pagaria! Gente, o quadro é realmente muito feio! Tanto, que chega a provocar graça. E bem no momento em que ria do retrato da Suzanne, dei de cara com um ex-professor de literatura do colégio. Para quem não sabe, o meu ex-professor de literatura é a personificação do demônio. Ele não olha para o chão e tem o umbigo maior ele mesmo. Humildade, ali, passou longe. Em uma cidade tão grande, com tantas milhares de pessoas, eu não encontrei nenhum conhecido que mora lá. Mas fui encontrar essa praga, que podia muito bem encontrar por aqui. Coincidências. Vá entendê-las...
Saímos do MASP e fomos para o centro subir no prédio do Banespa, que é um mini Empire State Building. É nesse momento que a gente percebe o tamanho de SP. Por qualquer direção em que se olha, prédios. Não existe fim. Pelo menos, eu não enxerguei. E não tem muito o que dizer sobre a vista do terraço, a não ser um silencioso uau.
Depois de passar pelo Viaduto do Chá, pela prefeitura, pelo teatro municipal, pela galeria do rock e de tomar uma limonada suíça, resolvemos voltar à Paulista para comprar alguns presentes na Sampa in Stampa (momento merchan) e para dar um último tchau. O céu já estava preto, o cheiro de chuva pairava no ar. E ao descer do metrô, aquela tromba d'água! Comprei uma capa de chuva para ir do metrô até o shopping. Não sei qual o nome do shopping porque, para mim, eles eram todos iguais. Mas tudo bem, porque eu estava mesmo era louca de faceira com a minha capa nova!, que surpreendentemente, funciona bem até. Comi um sanduíche no Subway, comprei meus presentinhos (curtindo últimos momentos de Sampa) e me fui embora para a casa da Ferdi comer pizza e ver um filme (curtindo últimos momentos em São Bernardo). Fiz a mala, dormi, acordei, tomei banho, comi e me despedi do pai da Jenny, do qual eu não mencionei até agora. Pessoa essa muito simples, que soube criar bem essa menina, que me recebeu de braços abertos, mesmo eu sendo estranha, e que tem um coração enorme. Serei sempre muito grata a tudo.
Enfim, pegamos e ônibus. Mas não mais para ir para Sampa, e sim, para Guarulhos. Ou melhor, fomos até Sampa pegar o metrô, e aí outro e mais outro, então pegamos ou ônibus para ir para Guarulhos...saudade do Elton para carregar minha mala! Fui me despedindo do mate gelado, do Ibirapuera, das feiras de domingo, do açaí na tigela... Estava me sentindo num flashback gigante. Ao chegar no gigaeroporto de Gaurulhos, momento desespero: o ônibus não entrava nunca no maldito aeroporto! Não chegava nunca à entrada. E depois, não chegava nunca ao guichê da Ocean... Mas já com tudo resolvido, passagem de volta na mão, à entrada do portão de embarque, hora da despedida final. E junto ao abraço, veio uma lágrima. E depois outra. E mais outra. E outra. Até chegar a um ponto que eu já não conseguia mais falar. Mas acho que o choro acabou falando por mim. Foi algo espontâneo, de tristeza, de emoção, de alegria, de saudade, de agradecimento, de tudo um pouco. E não conseguia parar! Acho que o cara que passa a mala no raio-x ficou até com uma peninha de mim; estava quase me oferecendo um lenço.
E para voltar, o esquema inverso: pegar um ônibus para ir até o avião, etc, etc... E a viagem de volta não foi assim tão tranqüila, pois cada vez que o avião entrava numa nuvem, ele se saudia todo e parecia que estava caindo. Eu realmente estava começando a odiar as nuvens depois desses 5 dias! E para piorar, estava com cara de choro. Mas então eu olhava para as comissárias: se elas etavam bem, então eu também estava.
Já na terra firme do Salgado Filho, matei a saudade da família! E parecia que minha alma tinha ficado perdia nos metrôs de SP. Ou era apenas uma alucinação devido ao calor. Para quem não sabe, eu cheguei naquela quarta-feira maldita, em que Porto Alegre virou notícia no mundo todo por ser o lugar mais insuportável de se estar. Com tantos outros bons motivos para ser notícia...
Engraçado a maneira como as coisas acontecem: tentei viajar inúmeras vezes e nunca dava certo. Até que um dia deu. No dia em que a Jenny ficou sabendo que iria viajar em um mês para a Holanda, onde vai trabalhar como au pair durante um ano. O que foi uma apresentação para mim, acabou sendo uma despedida para ela. A vida apronta cada uma, e a gente, que é burrão, nunca entende o porquê. Só sei, é que foram 4 dias muito felizes! E encontrar uma pessoa como esta, no meio de tantas outras imprestáveis que nos tomam tempo, mesmo que só uma, faz a gente retomar a esperança que se tem na humanidade inteira. Além de ser um privilégio.


MASP




Oh a Catedral da Sé ali!


Duas pessoas maravilhosas! Amei conhecer vocês! Ah, minha regata verde...e a sapatilha vermelha, é claro!


Conselho para viagens longas: não sentem na turbina.

P.S. prometo que o próximo post vai ser de cinema. É que às vezes a vida da gente parece ser tão mais emocionante...