terça-feira, 20 de abril de 2010

Voltei!

Ahá! Para os injustos que andam falando que eu abandonei os princípios "cinemáticos" deste blog, que eu agora só quero saber de viajar, de gozar a vida, contar vantagens...bem, querer eu bem que queria... Anyway, o que estava tentando dizer, é que em meados de março precisei eleger algumas prioridades e, mais do que infelizmente, acabei me afastando do blog (de novo). E quando voltei aqui para atualizar a casa, me dei conta de que os últimos textos eram sobre a minha viagem, para não dizer quase toda a página. Tudo porque a pessoa aqui não consegue conter as emoções e leva dois meses para narrar 5 dias. Passada a euforia da minha aventura vamos de volta ao trabalho!
O fato de eu não ter postado nada recentemete no blog, não implica que eu não tenha escrito absolutamente nada referente a cinema. Isto porque uma das minha redações que precisei escrever neste início de abril era justamente sobre o que? Cinema. E brasileiro ainda por cima. A tarefa consistia em escolher um ou mais personagens do cinema brasileiro e fazer uma análise da nossa sociedade. Coisa bem chata que é tema de redação! Poxa, se é chata! Certamente os caras que sugerem os temas para as redações não têm vida. Nem amigos. Só que esse não era o momento de fazer revoluções contra os corretores de redações; ou escrevia ou não escrevia. Escrevi. E confesso que senti um prazer contido em desenvolver esse tema em particular, pois, além de ser sobre algo que eu gosto (e arrisco dizer que entendo um pouco), fazia tempo que eu não refletia nada sobre o assunto e muito menos escrevia. Acho que o cinema sentiu saudade de mim, tanto quanto eu dele, que acabou arranjando um jeitinho de me encontrar e de me chamar de volta. Bem, provavelmente foi só coincidência mesmo. Mas é que essa frase ficou tão poética na minha cabeça...
Outra coisa que me deixou pensativa a respeito do tema foi a exigência de um personagem do cinema nacional. Pessoas, sejam sinceras: a quantos filmes nacionais vocês assistiram no último ano? Pois é. Cinema americano, ou europeu, conseguimos ver uns 10, um pouco menos, filmes por mês. Já filme brasileiro, a gente vê uns 10 por vida! Eu mesma vi poucos. E confesso mais: não sou grande fã do nosso cinema. E quando eu falo em cinema, falo da indústria que comercializa os filmes; existem muitos talentos que acabam não sendo aproveitados. Não posso negar que o cinema brasileiro evoluiu muito em termos de produção e de tecnologia nos últimos anos, mas ainda falta um pouco para termos uma boa produção de conteúdo em grande quantidade. E cabeça boa não falta! É incrível o que pessoas com criatividade podem fazer com pouca verba. O documentário "Nós que aqui estamos, por vós esperamos", citado em algum post anterior, é um exemplo perfeito. Eu torço e faço campanha para que um dia esses talentos tilintem na boca do povo. Só é preciso uma câmera na mão, uma idéia na cabeça e um pouquinho de divulgação. E uma boa vontade de quem assiste, é claro.
Mas voltando a redação, antes que eu monte uma tribuna e comece a discursar em prol dos cineastas brasileiros, acabei escolhendo as personagens Jão Grilo, de o Auto da Compadecida (que todo mundo viu no colégio), e André, de O Homem Que Copiava (já falei por aqui que o Jorge é o meu queridinho, né?). Admito que o reflexão ficou um pouco trivial; contudo o corretor pareceu ter gostado, pois me deu uma boa nota pelo desenvolvimento. Em comemoração ao bom resultado, e a minha re-volta ao blog, estou publicando o texto aqui. Espero que gostem!

Ao contrário do cinema americano, que apresenta figuras heróicas e imaginárias, a sétima arte brasileira é rica em personagens que se assemelham à nossa realidade. Exemplos claros disso são João Grilo e André, de O Auto da Compadecida e de O Homem que copiava, respectivamente. Ambos representam a vontade de mudar vida e a esperteza presentes em um brasileiro.
João Grilo é um nordestino que vive na miséria de um árido sertão; porém sabe muito bem como driblar os percalços da vida. Oportunista, João tira vantagem de qualquer situação em nome do benefício próprio, mesmo que, para isso, precise lançar mão de pequenas mentiras e logros, burlando algumas questões morais. A sagacidade é seu maior instrumento, que ilustrao famoso jeitinho brasileiro.
Um pouco mais próximo de nós, gaúchos, está André, um jovem imaginativo operador de uma fotocopiadora, que não ganha mais do que um salário mínimo. Na tentativa de obter dinheiro para melhorar seu padrõ de vida, André caminha entre o certo e o errado. Em um primeiro momento, passa a falsificar cédulas, mas logo se arrepende. No entanto, como João Grilo, ou qualquer outro brasileiro, ele persevera na luta para escapar da pobreza e para ser feliz. Ele é o brasileiro que não desiste nunca.
Apesar de viverem em cenários contrastantes, o protagonista sertanejo e o porto-alegrense tem muito em comum. Ambos possuem o desejo incondicional que o brasileiro tem de melhorar sua vida e utilizam a astúcia para alcançar tal objetivo. Não desistem e até violam alguns bons costumes. Qualquer semelhança com as personagens do nosso cotidiano mão é mera coincidência.

Ufa! Espero, assim, ser bem-vinda de volta ao blog!