Aí aparece um gordo, acho que psicólogo ou coisa que o valha, para interrogar a pequena demônia. No início ela tenta negar, mas o gordo, em vez de analisar a situação e tentar compreender a mentira, ele a força a continuar na mentira, fazendo com que Klara contasse mais uma vez os fatos que não ocorreram. Não demorou muito para que todos na cidade fossem comunicados de tal ato repugnante, e o professor passou a ser repudiado e agredido por todos.
A maioria das pessoas pensa que crianças são sacos com uma metade cheia de amor e pureza e a outra vazia, pronta para receber a produção da sociedade. Nos temos todos os sentimentos já, desde o amor até a raiva, porém, quando pequenos, ainda não sabemos lidar direito com a consequência que tudo isso causa (e às vezes nem depois de grande). Primeiro houve a raiva, depois a vingança, a mentira e o arrependimento. Porém, mesmo Klara confessando que seu professor era inocente, as pessoas preferem se apegar ao mal, e continuar com o falso julgamento. E, ao fazer justiça com as próprias mãos, as pessoas revelam sua natureza cruel e mostram até que ponto podem machucar pessoas (nesse caso um cachorro...) inocentes para agredir alguém.
A metáfora da caça é usada no início e ao final do filme para lembrar-nos que enquanto caçadores tudo está bem, e até sentimos um certo deleite; no entanto ninguém gosta de ser a caça. É um ótimo filme para refletir sobre os nossos julgamentos precipitados, entretanto não o recomendo para os dias muito felizes para não gerar revolta desnecessária, nem aos muito tristes para não correr o risco de alguém cortar os pulsos, pois o filme é angustiante do início ao fim.