domingo, 9 de agosto de 2009

Um filme para poucos

Ir ao aeroporto para ver um filme é sempre uma coisa divertida. É claro que melhor seria se eu fosse para pegar um avião e sair de férias, mas, por hora, o cinema já me satisfaz. E se der tempo para desfrutar de um cafezinho com um croissant logo em seguida, enquanto se abana para os aviões que decolam, difícil de achar coisa melhor. E o bom é que o aeroporto sempre passa filmes bacanas, que nenhum outro cinema quis mais passar. É o caso de "Entre Os Muros da Escola", de Laurent Cantet. É o caso, também, do filme de que a cada 10 pessoas que vão vê-lo (se é que chega a tanto), umas 7 sobram ao final da sessão. Mas não as culpo. De fato, é um filme complicado de ser considerado como entretenimento.
O filme é um documentário sobre a rotina de escola pública na França. A história, que não chega a ser uma história, se baseia no dia-a-dia de François, um professor de francês. François é professor na vida real e escreveu um livro relatando suas experiências, que acabou inspirando o filme. O filme aborda diferentes situações e relações entre alunos e professores. Realações tais, que a princípio eram para envolver somente assuntos relacionados às atividades escolares, acabam se desviando e misturando a vida que transcede os muros da escola, construindo vínculos mais íntimos e fortes.
Todos os professores eram franceses. Já os alunos...um marroquino, um chines, um antilhano, outro africano, outra já não me lembro de onde. Esse é outro ponto forte do filme: os costumes culturais que divergem com a opinião dos professores, e mesmo entre os próprios alunos, criando situações de inveja, intrigas. Por que o chinês é mais inteligente e mais bem tratado que os outros, por exemplo? Mesmo assim, poucas vezes na vida vi algo tão imparcial: a razão nunca tende para um dos lados por completo; uma vez ela é do professor, outra do aluno. E cada um se sente incompreendido com a sua parte.
E todas as situações, a avaliação dos professores, os trabalhos, os conselhos de classe me remeteram muito aos meus tempos de escola pública aqui no Brasil mesmo. Uma escola daqui e outra no primeiro mundo não são tão diferentes no final das contas. Parece que somos todos seres humanos em qualquer parte do mundo. E as escolas também.

P.S. Saudade deste blog!!!!